É comum encontrarmos na internet ofensas contra evangélicos dizendo que esses religiosos são “analfabetos funcionais”, “ignorantes” e “fanáticos”. Palavras usadas geralmente por grupos anti-religião que usam a rede mundial de computadores para espalhar seus preconceitos, muitas vezes dizendo que os preconceituosos sãos os próprios evangélicos.
Mas dessa vez essas ofensas estão sendo ditas por um reverendo da Igreja Anglicana que escreveu um artigo para o portal Campo Grande News criticando a Marcha para Jesus que aconteceu na cidade na última segunda-feira (26).
O reverendo Carlos Eduardo Calvani diz que o “movimento evangélico hoje é um dos maiores perigosos para a sociedade brasileira” por conta do que ele chama de fundamentalismo evangélico apoiado por “analfabetos funcionais, que pouco leem”.
A crítica se dá sobre a participação do pastor Silas Malafaia no evento. Por ter grande influência na política nacional, o pastor assembleiano é considerado por Calvani como “fundamentalista” e idealizador de um projeto para a tomada de poder.
“Os evangélicos têm um projeto de tomada de poder na sociedade brasileira. Os evangélicos têm um projeto político muito perigoso para o Brasil”, diz ele citando a Comissão de Direitos Humanos que, por manobras políticas do PT foi dada ao PSC.
Ao falar sobre os políticos evangélicos, o reverendo anglicano diz que a bancada religiosa “é a mais inútil do Congresso Nacional” e que tem como objetivo acabar com todas as manifestações de outras religiões.
“Viveremos um ‘talibã evangélico’, com homens com o mesmo olhar raivoso de malafaia, e gays internados em campos de concentração para que sejam ‘curados’”, exagera o reverendo querendo voltar a citar o polêmico projeto de João Campos (PSDB-GO) intitulado erroneamente de “cura gay”.
O artigo foi escrito em resposta a um trecho da mensagem de Silas Malafaia que durante a Marcha para Jesus profetizou que os evangélicos terão cada vez mais espaço nos meios de comunicação, internet e política.
Leia na íntegra:
Campo Grande não merecia, na comemoração dos seus 114 anos de emancipação, o desprazer de assistir a tal “Marcha para Jesus” organizada por pastores-políticos e políticos-pastores reunindo cerca de 40 mil fanáticos para ouvir o “mais do mesmo” – as bobagens retrógradas de Silas Malafaia, Robson Rodovalho e outros.
O movimento evangélico hoje é um dos maiores perigos para a sociedade brasileira e o Estado Laico por seu potencial fundamentalista Malafaia, Feliciano, Rodovalho, Macedo, R.R. Soares e outros nomes menores que estão despontando (e outros que ainda despontarão) são a pior espécie de fanatismo religioso possível. A única diferença entre esse grupo e o fundamentalismo islâmico está nos referenciais religiosos nos quais se apóiam.
É certo que a grande maioria dos muçulmanos não é fundamentalista; mas os poucos que alcançam o poder cometem barbaridades em nome de sua fé. O fundamentalismo evangélico caminha pelo mesmo rumo. Alguém em são consciência e com um mínimo de instrução ou sensibilidade consegue acreditar neles e em seus discursos? Somente os analfabetos funcionais, que pouco lêem (aliás, sequer a Bíblia lêem, ou lêem com olhares medievais) os apóiam.
Não nos iludamos. Os evangélicos têm um projeto de tomada de poder na sociedade brasileira. Os evangélicos têm um projeto político muito perigoso para o Brasil. Utilizam as Escrituras Sagradas do modo como lhes convém, para interferir na Comissão de Direitos Humanos, para propor ou alterar leis e infringir descaradamente as cláusulas pétreas da Constituição Federal. Eles se infiltram nos partidos e conseguem ser eleitos para cargos no executivo e no legislativo.
Mas eles não têm fidelidade partidária nem princípios sociais claros. São mesquinhos e egoístas. Seus princípios são os da promiscuidade “igreja-estado”. A bancada evangélica é, comprovadamente, a mais inútil do Congresso Nacional.
No fundo, seu projeto é acabar com as manifestações religiosas com as quais não compartilham, sejam elas católico-romanas, espíritas, do candomblé, umbanda ou de qualquer outra religião que não a deles; desejam interferir na orientação sexual privada das pessoas “em nome de Deus”; fazem acusações levianas de que o movimento LGBT deseja acabar com as famílias; querem dominar o Ensino Religioso nas Escolas Públicas e, se conseguirem tomar o poder, não hesitarão em se infiltrar nas forças armadas utilizando o potencial bélico brasileiro para seus objetivos.
No fundo, seu projeto é acabar com as manifestações religiosas com as quais não compartilham, sejam elas católico-romanas, espíritas, do candomblé, umbanda ou de qualquer outra religião que não a deles; desejam interferir na orientação sexual privada das pessoas “em nome de Deus”; fazem acusações levianas de que o movimento LGBT deseja acabar com as famílias; querem dominar o Ensino Religioso nas Escolas Públicas e, se conseguirem tomar o poder, não hesitarão em se infiltrar nas forças armadas utilizando o potencial bélico brasileiro para seus objetivos.
Sim, matarão se for preciso, invocando textos bíblicos, o “Deus guerreiro” do Antigo Testamento e seus exércitos sanguinários; sim, destruirão o “Cristo Redentor” e qualquer outro monumento de outra religião; sim, se tiverem pleno poder proibirão o carnaval, festas juninas, romarias marianas, terreiros de candomblé e exigirão conversão forçada a seu modelo de vida e à sua religião; o fundamentalismo que os inflama não terá qualquer restrição em proibir shows populares, biquínis nas praias e utilizarão armas químicas para fazer valer seus ideais. Viveremos um “talibã evangélico”, com homens com o mesmo olhar raivoso de malafaia, e gays internados em campos de concentração para que sejam “curados”.
Alguns dirão que estou exagerando. Porém, Malafaia disse ao microfone: “Nós declaramos que vamos tomar posse dos meios de comunicação, das redes de internet, do processo político, nós vamos fazer a diferença, vamos influenciar o Brasil com o evangelho de Jesus”.
Se permitimos que seu projeto vá à frante, preparem as burcas. Nosso futuro será sombrio.
(*) Reverendo Carlos Eduardo Calvani é da Igreja Anglicana no Brasil
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