Dois cristãos coptas foram mortos a tiros esta semana por se recusarem a pagar “jizya”, que é um tipo de imposto muçulmano. Emad Damian, 50, e seu primo Medhat Damian, 37, viviam na cidade de Sahel Selim. O líder muçulmano Ashraf Ahmed Mohammed Khalajah os procurou dois dias antes do assassinato e exigiu o pagamento da jizya. Na prática, ela tem se tornado uma espécie de “taxa de proteção” que serve para chantagear e explorar trabalhadores não muçulmanos.
A prática é ensinada pelo Alcorão, Sura 9:29-30 “Combatei aqueles que não creem em Deus, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro proibiram, nem professam a verdadeira religião. Aqueles que receberam o Livro, submissos, paguem a Jizya… Os cristãos dizem: o Messias é filho de Deus. Tais são as palavras de suas bocas; repetem, com isso, as de seus antepassados incrédulos. Que Deus os combata! Como se desviam!”. Para os jihadistas (soldados da guerra santa), o não pagamento é uma justificativa sagrada para a morte dos judeus e cristãos desobedientes. Segundo o jornal israelense Haaretz, esse foi a primeira justificativa usada para o massacre de cristãos na Síria.
De acordo com a agência AINA, Samy Damian, irmão de Emad estava presente quando Khalajah ligou, exigindo 10.000 libras egípcias (cerca de 3.500 reais) para que ele pudesse comprar armas. “Meu irmão disse que ele não tinha problemas com ninguém, que não precisava de proteção de qualquer pessoa e que não tinha todo esse dinheiro”. Emad deixou mulher e 5 filhos, eles agora procuram ajuda para sair da cidade.
Em uma entrevista no Canal de TV Al Nahar, Ahmed Fawzi, secretário do Partido Social Democrata egípcio, disse publicamente que os cristãos assassinados eram membros do seu partido político. Mesmo após as denúncias, a polícia se recusou a investigar. Fawzi foi enfático: ”As autoridades sabe quem são os assassinos, mas não fizeram nada para prendê-los pois concordam com isso.”
A região de Sahel Selim e Ghanayem são áreas visadas pela Irmandade Muçulmana. Membros extremistas do grupo atacaram fortemente a cidade no mês passado. Isso criou uma onda de insegurança entre os cristãos. Muitos outros crimes têm ocorrido na área, mas algumas famílias tem medo que se denunciarem serão os próximos alvos dos jihadistas.
A situação é a ainda pior em Minya, na região sul. Soldados ligados à Irmandade Muçulmana controlam a cidade onde cerca de 40% dos habitantes são cristãos. A jizya imposta sobre eles é o único fator que impede atos de violência e vandalismo contra suas casas e lojas. Para muitos trata-se de um verdadeiro “imposto de morte”.
O pastor copta Youannas Shawky, cuja igreja foi completamente destruída em julho, relata que a cobrança da jizya varia entre 200 e 500 libras egípcias (60 a 170 reais), muitas vezes cobrada diariamente. Essa quantia é um valor exorbitante para muitos moradores. Caso não recebam, os muçulmanos entram nas casas e retiram tudo o que quiserem. Shawky afirma que por não poderem pagar, mais de 50 famílias deixaram a aldeia temendo serem mortos.
Várias organizações internacionais, como a Voz dos Mártires, Compassion e Portas Abertas tem cobrado que o governo provisório egípcio tome medidas para proteger os cristãos de perseguição, assassinato, intimidação, estupros e a cobrança da jizya. Com informações de Jihad Watch, AINA e Haaretz.
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